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Postado por Roseane Santos sábado, 2 de julho de 2011

Atraso na fala.


Problemas de fala na criança.
Desenvolvimento normal da fala. Às vezes, os pais ficam aflitos porque a criança de um ano não fala e não sabem que isso pode fazer parte do desenvolvimento normal do filho.Os pais, às vezes, comparam um filho com o outro e concluem que o mais velho na mesma idade já falava, embora nem sempre entendessem o que dizia, enquanto o menor não fala nada. Costumo dizer, quando isso é motivo de grande preocupação, que eles devem ser orientados porque essa ansiedade pode dificultar ainda mais o processo da fala infantil, na medida em que passa para a criança a imagem de que deveria estar fazendo alguma coisa que ainda não consegue fazer.




Fonte: Drauzio Varella.


Qual é o desenvolvimento normal da fala na criança, das primeiras sílabas até a formação de frases completas?


Em termos de tempo, existe uma variabilidade muito grande. Aquilo que se considera normal não pode ser demarcado por um ponto fixo, mas por algo que comporta variação. Pesquisas mostram, por exemplo, que uma criança de 16 meses pode falar 150 palavras, enquanto outra da mesma idade não fala nenhuma palavra ainda, o que não significa que essa última apresente um problema de linguagem, porque a questão do tempo variável tem peso significativo.
É importante notar que inicialmente a criança produz vocalizações que são tomadas pela mãe e pelo pai como fala, quer dizer, a criança é interpretada como se fosse um falante antes mesmo de começar a falar.
Que tipo de vocalizações são essas?
Essas vocalizações caracterizam-se pela emissão prolongada de uma vogal, AAAAA, por exemplo, ou até mesmo de sons que não serão produzidos mais tarde quando a criança for falante da língua. Depois, isso vai se transformando num balbucio que se caracteriza pela reduplicação de sílabas (babá, mamã), e que se aproxima da estrutura silábica da língua.
Essas reduplicações costumam ocorrer em que faixa etária?
Elas estão presentes após os seis meses de idade. O importante é que o adulto vai tomá-las como palavras. Em geral, quando as mães dizem que o filho começou a falar porque nesse balbucio emitiu um som próximo de “mamã”, por exemplo, na verdade, ele ainda não está falando. No entanto, o fato de o adulto tomar aquilo como fala é fundamental para que ele venha a falar. A criança depende dessa interpretação para tornar-se um falante ativo.
Em que nível está a fala da criança com um ano aproximadamente?
A partir dessa fala interpretativa que pai e mãe fazem, a criança vai tomando alguns fragmentos que irão reaparecer em situações parecidas às que foram faladas pelos pais. Portanto, a primeira fala tem natureza bastante imitativa. A criança repete fragmentos ditos pelo adulto que continua interpretando sua fala. Então, ela fala “nenê” e o adulto completa: “você viu que nenê bonito?”. Esse movimento de tomar aquele pedacinho de fala e colocá-lo no contexto da língua imprime caráter gramatical à fala da criança. Esse processo de aquisição de ema gramática estruturada leva uns quatro anos, embora varie de uma criança para outra.
Que tipo de conselhos você dá a esses pais ansiosos e que critérios estabelece para diagnosticar um real problema de linguagem?
Existem alguns fatores que precisam ser examinados. Muitas vezes a criança ainda não fala, mas mostra sinais de que a linguagem está se organizando dentro dela. Um exemplo é a maneira como ela brinca. Se não fala, mas pega uma boneca, coloca-a para dormir, tira-a da cama, finge que a alimenta e lhe dá banho, apesar do silêncio, a linguagem está presente. É como se houvesse uma espécie de narrativa, evidenciada por eventos encadeados. No entanto, se a criança não consegue estruturar uma brincadeira, pega um brinquedo e larga para pegar outro que também deixa de lado, é mais preocupante.
Outro fator a considerar é o efeito da fala do outro na criança. Se atende a fala de terceiros, não há motivo maior para preocupações, o que não acontece quando reage como se nada do que ouvisse a tocasse.
Há, então, elementos que se usam na avaliação de linguagem para diferenciar o atraso que requer atendimento da simples demora para falar, uma vez que é praticamente impossível fixar uma idade exata em que essa demora deixa de ser normal.


Falar Errado.
E aquelas crianças que falam de um jeito que só as mães entendem?
Isso aponta para outro quadro que não é o atraso da linguagem. A troca de fonemas, por exemplo, que em fonoaudiologia é chamada de desvio fonológico ou distúrbio articulatório, é um desses casos. Em vez de falar “carro” a criança fala “calo”; em vez de “vaca”, fala “faca”. Além das trocas, pode ocorrer também a omissão de sons.


Embora esteja estabelecido que em torno dos quatro anos de idade a criança deva estar com o sistema de sons da língua adquirido e estabilizado, existe certa margem de variação dentro dos limites da normalidade.
Há pais que trazem a criança com essa idade, preocupados porque ela fala errado a ponto de as pessoas de fora não entenderem o que diz. Isso demanda análise cuidadosa para verificar que sons a criança não produz ou troca por outros a fim de determinar a necessidade de atendimento ou de esperar mais um pouco, pois ela está em fase final de aquisição da linguagem. Por exemplo: ela já fala razoavelmente bem todos os sons da língua com exceção do r duplo e dos encontros consonantais (fala “Basil” em vez de “Brasil”), em geral os últimos a serem adquiridos. Entretanto, mesmo antes dos quatro anos, pode ocorrer uma desorganização nos sistema de sons que merece o cuidado precoce do fonoaudiólogo.
Você poderia dar um exemplo disso?
Há crianças que omitem sistematicamente os fonemas oclusivos velares, o /k/ de “cola” e o /g/ de “gola” e isso lhes causa incômodo e sofrimento. Lembro-me de que atendi uma menina cujo apelido era Cacá. Quando lhe perguntavam qual era seu nome, ela dizia A-á. As pessoas não entendiam, perguntavam de novo, ela repetia, mas não se fazia entender. A impossibilidade de dizer o próprio nome de maneira inteligível perturbava suas relações sociais. Num caso como esse, indica-se o atendimento mesmo antes dos quatro anos para evitar constrangimentos para a criança.
Ela se chamava Carolina e produzir o fonema /k/ fez uma enorme diferença em sua vida. O dia em que saiu da sessão falando Cacá, estava exultante. É através da fala que as pessoas se apresentam para o mundo. Não poder pronunciar corretamente o próprio nome é algo angustiante para a criança.
Gagueira ou disfluência.
Tenho a impressão de que existem menos crianças gagas atualmente. Estou errado?
Não saberia esclarecer a questão da freqüência da gagueira, mas acho que é importante chamar atenção para o seguinte: certo grau de disfluência, ou gagueira, é normal na fala de todos nós e, muitas vezes, nem nos damos conta dele. Em relação à infância, há uma disfluência da fala descrita como normal, que faz parte do processo de aquisição da linguagem e tende a desaparecer sozinha. Isso está relacionado com o momento em que a criança passa a produzir as próprias sentenças e tem de escolher uma palavra depois da outra. É como se estivesse diante de várias portas e estancasse hesitando por qual caminho deve seguir. Isso não é ruim e mostra um movimento da criança na própria aquisição da linguagem.
É claro que o grau de disfluência varia de criança para criança assim como varia a preocupação das famílias. É freqüente pais levarem o filho ainda pequeno que gagueja um pouco para uma consulta com o fonoaudiólogo porque temem que ele seja gago.
Diante de uma hesitação normal, é preciso alertar os pais de que, se a reação deles for tranqüila, o problema da criança vai sumir naturalmente. Por que é importante dizer isso? Porque o modo como os pais lidam com essa fala disfluente pode criar uma auto-imagem de mau falante na criança e levá-la realmente à gagueira. Quando ela começa a falar e pára e o adulto interfere com dicas sobre a melhor forma de falar sem gaguejar (“pense a sentença toda antes de falar”, “respire fundo”, “fale devagar”), está brecando a fala da criança e criando uma tensão que ainda não existia. Por isso, é importante que os pais busquem orientação sobre a melhor forma de lidar com a disfluência dos filhos para não agravar um quadro que pode passar naturalmente.
A partir de que idade, os pais devem preocupar-se com a gagueira dos filhos?
Eu diria que a partir dos quatro anos, aproximando-se dos cinco, porque nesse momento a criança percebe a própria disfluência e a reação que provoca nos outros.
A gagueira normal tende a diminuir a partir dos três anos e não incomoda nem inibe a criança. O problema começa quando ela evita falar em certas situações ou com determinadas pessoas e se recusa a pronunciar algumas palavras. Isso mostra que está criando mecanismos na tentativa de escapar da disfluência, o que agrava mais ainda o problema.
Avaliação do fonoaudiólogo.


Em que os fonoaudiólogos se baseiam para dizer que determinado comportamento em relação à fala é normal ou merece cuidados?
Sempre se inicia por uma entrevista com os pais na qual colocam por que estão procurando atendimento e contam a história da criança. Num segundo momento, o contato é com a criança. Há profissionais que optam por aplicar testes. Eu prefiro sessões livres e lúdicas. O material é gravado, transcrito e analisado para levantar erros e dificuldades que possam estar cristalizados, sintomas de um distúrbio que a criança apresenta e precisa de ajuda para superar.


Esses erros costumam ser sistemáticos ou aleatórios?
Os erros da fala costumam ser sistemáticos, não no sentido de que sejam fixos, mas no sentido de que mostram uma sistematicidade própria da linguagem. Por exemplo, a criança que fala “faca” em vez de “vaca” vai trocar todos os fonemas sonoros pelos surdos. Ela vai falar “cassa” em vez de “casa”, “cato” em vez de “gato”, etc., porque isso é uma lógica própria do sistema de sons da língua. Nesses casos, não se trabalha com os sons isoladamente, mas com a oposição de sons surdos e sonoros, mexendo com todo o sistema fonológico da criança.


Isso pressupõe uma avaliação bem cuidadosa, não é?
Bem cuidadosa. É preciso descobrir que sons são trocados, qual a relação existente entre eles, além de analisar outros fatores para escolher o melhor caminho para trabalhar com aquela criança especificamente.


Língua solta, Língua presa.
E os casos de língua presa, como são encaminhados?


Aquilo que popularmente se chama de língua presa, nada tem a ver com língua presa mesmo. Recentemente, foi publicada uma reportagem dizendo que o presidente Lula não tem língua presa, tem língua solta. Na verdade, o que ele, assim como outras pessoas têm, é uma projeção frontal da língua, resultante da flacidez ou hipotonia desse órgão. O ceceio característico de sua fala é provocado pelo mau posicionamento da língua, quer dizer, ela não fica contida no espaço nem na posição correta para assegurar o tônus adequado.
A língua presa, em contrapartida, está afixada na boca por uma prega que limita seus movimentos. Um bebê com língua presa pode ter dificuldade para mamar no seio da mãe, por exemplo. Por isso, às vezes, é necessário fazer uma pequena incisão para liberar os movimentos linguais.
Existem exercícios para reduzir os efeitos da hipotonia da língua?


Existem, sim. Gostaria de ressaltar que o desenvolvimento da musculatura orofacial utilizada para a fala tem relação bastante próxima e forte com funções como sucção, mastigação, deglutição e respiração. Assim, o ideal seria o bebê mamar no seio materno, mas nem sempre isso é possível. Alimentado na mamadeira, é importante que ele faça força para sugar. Muitas vezes, preocupadas com o ganho de peso da criança, as mães cortam o bico e o leite jorra sem o bebê fazer esforço algum. Mesmo que o bico seja ortodôntico e o furo pequenininho, sugar no peito demanda força muito maior.
O movimento de sucção propicia o crescimento adequado das estruturas ósseas, das mandíbulas e desenvolve o tônus adequado da musculatura que vai ser empregada na fala.
O mesmo princípio deve ser observado na passagem para a alimentação sólida. Não é raro receber no consultório uma criança a quem a mãe só oferece alimentos macios e pastosos, apesar de já ter idade para aceitar a alimentação dos adultos. Às vezes, as pessoas perguntam: “Quer dizer que o modo como meu filho come interfere no modo como ele fala?”. Sim, interfere e muito.
Outro cuidado importante é observar como a criança respira. Se respira pela boca, é bom levá-la ao otorrino para uma avaliação, já que a respiração bucal pode estar relacionada com a flacidez da musculatura e língua mal posicionada.
Aprendendo mais de uma Língua.
Teoricamente, a criança nasce com uma circuitaria cerebral que permite aprender a falar qualquer uma das centenas de línguas que existem.
Elas são capazes de produzir quaisquer sons, mesmo aqueles inimagináveis depois que se aprendeu a falar uma língua.
E as crianças que têm pais de nacionalidades diferentes e aprendem duas línguas. Isso resulta em alguma desvantagem?


Existem estudos que estabelecem certa relação entre a possibilidade de problemas de linguagem e o bilingüismo, mas já vi dezenas de crianças crescendo em situação bilíngüe sem nenhum problema.
Alguns pais optam por colocar os filhos em escolas estrangeiras porque acham vantajoso aprender mais de uma língua. Se a criança, porém, manifesta algum distúrbio de linguagem tal atitude pode provocar embaraços, uma vez que ela se vê diante de uma língua estranha quando nem domina a primeira.
Criança demora a aprender a falar.

O atraso da linguagem na criança pode se dar por motivos orgânicos ou emocionais. Os motivos orgânicos mais comuns são: baixa auditiva, problemas neurológicos e visuais. De qualquer forma, 99% dos casos que tratei eram de origem emocional, sendo o mais comum o trauma oriundo da separação dos pais, que afeta muito a criança, atrapalhando sua comunicação oral. Como exemplo bem claro, já atendi crianças que falavam normalmente aos 2 anos de idade, e, aos 3, após a separação do pais, não conseguiam mais falar.
Junte-se a todos esses fatores a questão da família moderna, na qual ambos os pais trabalham fora o dia inteiro e são obrigados a deixar a criança em condições muito pobres para o pleno desenvolvimento de sua fala e comunicação. Nesse processo, identifico dois problemas muito comuns e igualmente sérios: a televisão e a entrega das crianças aos cuidados de babás.
No caso da televisão, a criança fica entretida com seus programas prediletos e não tem qualquer estímulo para se comunicar com terceiros, pernanecendo completamente estática. Como um somador negativo, podemos ainda verificar programas infantis que possuem personagens com deficiências graves na fala, como gagos, fanhos e os que trocam letras.
Outra situação é a das crianças que são criadas por babás, que apresentam, em geral, problemas sérios de comunicação. Esses problemas são transmitidos para as crianças com muita facilidade. Já pude verificar casos em que a criança assimilou igualmente problemas de gagueira e troca de letra dos pais, que apresentavam normalmente essas deficiências.
Existe ainda outro problema, cada vez mais comum, em que crianças com idade relativamente avançada apresentam atraso na linguagem. Nesses casos, o mais tradicional é encontrar a falta de estímulo dos familiares para que essas crianças se comuniquem corretamente ao longo do seu desenvolvimento.

A agressividade das crianças, devido ao atraso na linguagem ou outros problemas na fala

É muito comum as crianças que apresentam dificuldades na comunicação, já dos dois anos e meio em diante, como atraso na linguagem, troca de fonemas etc., tornarem-se agressivas com as outras crianças do seu convívio na escola, na rua, em casa.
Devido a toda essa informação inútil que é passada pelos programas de televisão, nas novelas, em que as pessoas não se respeitam ou até ficam caçoando do problema alheio, as crianças, quando encontram algo diferente do normal no seu coleguinha, partem para a gozação e chegam a faltar com respeito. O perigoso é quando, de tanto imitarem o problema do colega, acabam assimilando a dificuldade na fala dos colegas. Isso é muito comum com a gagueira: muitas crianças e até adultos assimilaram esse problema imitando os colegas e até debochando constantemente deles.
Eu já contei a história de uma professora de jardim de infância que era gaga, e as mães me ligaram preocupadas e pediram que eu falasse com a diretora para alertá-la sobre o risco desta turma assimilar a gagueira da mestra. O mais pitoresco foi que a dona do colégio era mãe da professora e não se conformava com a reinvindicação das mães. Pressionei bastante para que, pelo menos, ela procurasse um tratamento para a gagueira da sua filha.
Outra coisa muito ruim são os personagens que colocam em novelas, programas humorísticos, desenhos animados e até comerciais: eu já retirei do ar alguns comerciais que colocavam personagens imitando gagos, sendo o principal o das casas Pernambucanas, na década de 1990; na Globo também teve uma novela, Rainha da Sucata, na qual Antônio Fagundes ficou seis meses fazendo um personagem bem gago: muitos adolescentes recorreram à minha clínica com gagueira, lembrando que assimilaram imitando este personagem na infância; tem também um desenho animado de um porquinho gago.
A minha orientação para os pais quando os filhos apresentarem dificuldades na comunicação oral é que iniciem o tratamento o mais rápido possível, mas tomem muito cuidado com as terapias implantadas: os pais têm o direito de acompanhar o atendimento dos filhos no consultório do fonoaudiólogo – já ocorreram fatos assustadores, de profissionais que dormiam durante o atendimento e deixavam a criança brincando com jogos, outra chamou a manicure para fazer as unhas enquanto atendia a criança…
O sistema que utilizo é muito bom: filmar o tempo todo em vídeo a consulta e, depois, editar uma cópia em DVD para os familiares e a criança acompanharem o progresso na terapia.
Finalizando, o meu conselho é o seguinte: o seu filho não é agressivo, ele está agressivo temporariamente devido às suas dificuldades na comunicação, ele só será agressivo definitivamente se ele viver num ambiente de muita hostilidade ou se for estimulado com brincadeiras brutas: lógico que por hereditariedade pode ocorrer casos com síndromes que alteram o humor e o comportamento, mas são muito raros.

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